sábado, 17 de outubro de 2009

Código de ética do yôgin

Inspirado no "Yôga Sútra" de Pátañjali e baseado em yamas (diz respeito ao comportamento com os outros) e niyamas (refere-se ao comportamento consigo mesmo), ou seja, princípios que o yôgin (praticante de Yôga) deve vivenciar, esse código não deve ser causador de desunião e nem servir de patrulhamento ideológico, discriminatório e ou causar perseguição.


Ahimsá: a não agressão é a 1ª norma ética milenar do Yôga. Assim sendo o ser humano não deve agredir, seja com atos, pensamentos ou palavras, outro ser humano ou qualquer animal, nem a natureza de modo geral. Permitir que se perpetue qualquer tipo de agressão – podendo impedi-la – é tornar-se cúmplice. Quem respeita os preceitos do ahimsá não deve induzir-se a passividade, deve defender com vigor os seus direitos e tudo aquilo em que acredita.


Satya: a verdade é a 2ª norma ética do Yôga. O yôgin não deve mentir, difamar, distorcer interpretações de um fato, emitir comentários sem respaldo na verdade mesmo que sem má intenção afetando assim sua credibilidade. Porém há muitas formas de se dizer a verdade sem ser rude. Tudo é uma questão de tato.


Astêya: não roubar é a 3ª norma ética do Yôga. A apropriação seja de objetos, idéias, créditos ou méritos é uma falha de caráter gravíssima.


Brahmáchárya: a não dissipação de sexualidade é a 4ª norma ética do Yôga, que recomenda a total abstinência sexual aos adeptos de todas as correntes de Yôga não-tântricas, pois considera que a sexualidade se dissipa pela prática excessiva se sexo com orgasmo. Esse yama não obriga ao celibato nem a abstinência sexual aos yôgins seguidores das linhas tântricas.


Aparigraha: a não possessividade é a 5ª norma ética do Yôga. O yôgin não deve apegar-se aos seus bens materiais, nem ao desejo de desapegar-se deles, nem ao sentimento de posse com as pessoas. A prática do aparigraha não significa displicência com os bens materiais e nem falta de zelo com as pessoas.


Sauchan: a limpeza, tanto interna quanto externa, é a 6ª norma ética do Yôga. Entende-se como limpeza não apenas os atos de higiene diários como tomar banho, higiênizar os dentes e a língua, além da necessidade de purificação dos órgãos internos e das mucosas através dos kriyás (técnicas de purificação) do Yôga, mas também a forma como essa higiene se reflete no meio ambiente em que o individuo vive. A ingestão de alimentos com elevadas taxas de toxinas e impurezas e o uso de substâncias intoxicantes que gerem dependência explícita ou alterem o estado de consciência também são consideradas falta de limpeza. O cumprimento do sauchan não se refere apenas a higiene física, mas também a limpeza psíquica e mental. Ser limpo interiormente significa não se alimentar com idéias, imagens, emoções ou pensamentos intoxicantes como tristeza, impaciência, ódio, ciúmes, inveja, derrotismo entre outros. Porém quem pratica sauchan não deve ser intolerante com quem não compreende a higiene de forma tão abrangente.


Santôsha: o contentamento, expressado através da solidariedade, do apoio recíproco e da alegria sincera, é a 7ª norma ética do praticante de Yôga. O yôgin deve cultivar a arte de extrair contentamento de todas as situações sem se induzir a acomodações e nem deixar de buscar uma melhor qualidade de vida e de inter-relações entre as pessoas. Contentamento não significa estagnação!


Tapas: auto-superação é a 8ª norma ética do Yôga, que significa um constante esforço sobre si mesmo no sentido de fazer-se cada dia melhor. Ser humilde, polido, ter disciplina, manter uma alimentação saudável, evitar comentários maldosos, ser fiel aos seus princípios, entre outras coisas, são demonstrações de tapas, sendo essa disciplina que serve de alicerce ao cumprimento das demais normas éticas. Esse niyama não deve induzir ao fanatismo nem a repressão.


Swádhyáya: a 9ª norma ética do Yôga consiste no auto-estudo, mediante a busca do autoconhecimento através da observação de si mesmo obtida pela meditação. Esse niyama deve ser praticado mediante ao alargamento do círculo de amizades aprofundando a sociabilidade, portanto não deve induzir a alienação do mundo exterior nem a adoção de comportamentos estranhos que levem a desajustes de personalidade.


Íshwara Pranidhána: a 10ª e última norma ética do Yôga consiste na auto-entrega neutralizando tensões e ilusões. Esse preceito nos torna internamente seguros e confiantes de que a vida segue seu curso e que todo esforço para auto superar-se deve ser conquistado sem ansiedade, porém não deve nos induzir ao fatalismo. Devemos querer, poder e conseguir! Tudo é uma questão de tempo, paciência e principalmente esforço e determinação.

Fonte: "Tratado de Yôga".

Recomendações para a prática de Yôga

Escolha um bom local para a prática. Esse local deve manter-se agradável, limpo e arejado e não deve ter móveis duros e pontiagudos ou espelhos sobre os quais você possa cair e se machucar.


O piso não deve ser nem muito duro e nem muito macio. Você deve se sentir firme no solo, sem a probabilidade de escorregar. O ideal é praticar sobre um “tapete” de espuma de alta densidade (E.V.A), próprio para a prática, com aproximadamente 3 cm de espessura. Carpetes, tapetes e esteiras não são recomendados, pois retêm a transpiração, poeira, ácaros e bactérias, além de serem escorregadios. Lembre-se que você deitará e colocará seu rosto sobre esse material, portanto a higiene é fundamental.


Procure praticar com um intervalo de pelo menos 2 horas após sua última refeição. Antes de praticar esvazie a bexiga e os intestinos. Se possível tome um banho antes da prática – se for tomá-lo depois espere cerca de meia hora para não despender a energia gerada durante a prática.


Vista-se com um traje confortável e que não restrinja seus movimentos. Não use relógios, anéis, brincos, colares, meias, cintos...


A norma de ouro é: esforce-se sem forçar. Portanto seja severo consigo, buscando evoluir na prática e obter uma execução perfeita, mas não exagere. O bom-senso é fundamental. Conheça o limite do seu corpo e aos poucos busque ultrapassa-lo.


Procure fazer uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade física e pratique sobre a orientação de um instrutor capacitado.

Fonte: "Tratado de Yôga".